quarta-feira, 4 de julho de 2007

Sentir confusamente é ainda mais fácil, e menos fatigante, que compreender com toda a lucidez

O Rio Grande do Sul de Yeda dá e recebe sugestões, alternativas e métodos que nem os lunáticos de lua minguante acreditam. Por trás de suas duas últimas medidas esconde-se o tesão de humilhar da sua polícia política. Ou pensas que é para assaltante os brinquedos?

O primeiro deles custa US$ 15 mil e faz feliz a turma do parcão e do parque Germânia por sua estética "limpa".

O outro não tão engraçado chama-se "TASER M26" (clic PRBS).

Na realidade é uma arma em teste em diversas partes do mundo, com casos de grande dano devido a suas descargas elétricas de 50 mil volts que causam a paralisia do sistema nervoso da vítima. Por vítimas, lemos nos jornalões, entenda-se assaltantes, motoristas bêbados enfurecidos. Porém, mais ao gosto da sensível Brigada Militar, estudantes, manifestantes, sem-terra etc.
Por aqui, a tosqueria está aberta. Digite no You Tube coisas como "Taser gun" e divirta-se.

Um comentário:

alice disse...

Puta que pariu. Estou perplexa. Ainda não tinha visto os brinquedinhos dos porcos...

A raiva maior dá ao ouvir a voz de nossa sensata e firme governadora ao rádio, dizendo que está mostrando com sucesso que pode-se fazer mais com menos. Menos, caro tesoura, refere-se aos escandalosos cortes de verbas "desnecessárias" em alguns órgãos públicos, incluindo políticas públicas onde se inclui a FASE, executora das medidas socioeducativas de internação. Dentre as atividades oferecidas aos que cumprem as chamadas ICPAEs (Internação Com Possibilidade de Atividade Externa) está (ou melhor, estava) uma oficina de operação de mesa de rádio ministrada na FABICO. Ora, considerada "superficial", acabou-se a verba para transporte de internos e monitores ao local. Assim como inúmeros outros projetos de propósito socioeducativo, alguns mais assistencialistas que outros, é verdade, foram prejudicados com tais cortes.
Belo trabalho, hein? Agora temos diminuição da maioridade penal, mais tempo de isolamento entre as grades da FASE, menos possibilidades de atividades integradoras comunidade-jovens, carrinhos tecnológicos para prender bandidos de maneira limpa e ecológica e ainda uma arma que danifica sem deixar marcas, uma clássica toalha molhada. Perfeito.
Prato cheio para nietzschianos, foucaultianos apontarem como exemplos do bio-poder. Artimanhas cada vez mais sofisticadas e sutis onipresentes com o nem tão velado objetivo de modelar, controlar, organizar, moralizar, e, às vezes, até excluir vidas, subjetividades insistentemente errantes.

Que malandragem nos cabe a nós produzir nas bordas disso? Levar oficinas aos internos da FASE? Publicar em blogs? Montar cursos de extensão abertos à comunidade carregados de crítica disfarçada em saber (lobo em pelego de ovelha)? Ouvir sussurros e operar alianças num mundo de novas censuras quase invisíveis mas nem por isso menos limitantes? Operar ali onde há possibilidade de desvio, um desvio? Ou muitos?